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Mulher Digital: a dura realidade das descobertas pelas redes sociais

Preferi ficar parado na fila a engrossar o coro que se formava ao redor daquela senhora. Naquele momento ainda tinha algum receio em oferecer apoio (mesmo que moral) às dúvidas que se seguiram ao mexer, de forma entusiasmada, no aparelho digital com acesso às redes sociais. Ah, as redes sociais! Entre gestos – que deixariam com inveja a mais experiente bailarina do Teatro Municipal – e toques dignos de quem já trabalhou na construção civil, a senhora parecia estar descobrindo o mundo. E talvez estivesse! Mas todos se admiraram com as surpresas que se seguiram ao acessar uma dessas redes sociais. “Olha, dá pra colocar fotos e até curtir o que o outro comeu no jantar!”, dizia. Espanto maior da plateia que não parava de crescer, no entanto, ocorreu quando descobriu que era possível “acompanhar” a vida alheia dos que sempre estiveram perto fisicamente, mas distante do olhar digital... Foi como descobrir tesouro bruto em mina escondida. Àquela altura, a alegria que se seguia à descoberta continuava ganhando apoio do coro formando ao seu redor.

E, para minha surpresa (ou tristeza, depende do ponto de vista), tinha sido descoberto por aquela senhora; ela sempre morou ao lado do meu apartamento e não sabia. Talvez por isso tivesse preferido ficar parado a engrossar o coro e dividir minhas experiências com quem nunca tive interesse de me aproximar. Mulher digital? Eu? Jamais!”, resmungava com brilho crescente nos olhos pelas descobertas que se seguiam.


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